20 de jan. de 2017

Cultura do Estupro



Essas palavras foram proferidas para uma menina de 15 anos. Não sei a idade média de quem assiste o canal desse youtuber, então não sei se encaixa em pedofilia, mas o ponto aqui é: é absurdamente grotesco o quão os homens proferem, abertamente, tais palavras para/sobre as mulheres. É absurdamente grotesco o quão isso é visto como "normal". É absurdamente grotesco ver que está tão enraizado esse tal “Ah, homem é assim mesmo”, que garotos de 15 anos acha que é totalmente ok falar assim de uma menina.
Eu acho incrível como ainda assim os homens dizem que é exagero das mulheres, que machismo, cultura do estupro não existe, que é invenção de feminista frustrada.
É mesmo? Será que o assédio constante que as mulheres sofrem na rua, no trabalho ou até mesmo em casa, é imaginação fértil? Já ouvi relatos de amigas que foram dormir na casa de alguma amiga e acordou no meio da madrugada com o pai da amiga, passando a mão nela, será que estavam sonhando e nada disso aconteceu? Sinceramente, não consigo entender, como conseguem ser tão cara de pau de dizer, diante fatos, que é invenção nossa,. Uns homens começam a jogar a desculpa de que quem proferiu essas palavras foi moleques e não homem de verdade em sã consciência... Será?
Há uns dias, no Facebook, surgiu um post dizendo para pesquisar no Google,  a palavra “enteada”, “pai e filha”, e o que aparece é sites de pornografia, relatos, contos eróticos e notícias de estupro. Mediante tantos absurdos e coisas chocantes, ainda teve gente homem tentando desconversar.
É incrível como sempre tem alguns homens querendo desviar o foco do problema. Chegam com a "desculpa" de que se aparece sites pornôs é porque consomem pornografia naquele computador e que no deles (incrível que só no deles) não aparece nada disso na busca. Não levam em conta os filtros que podem estar ativados no pc deles e se quer deram bola quando umas mulheres disseram que pesquisaram no modo anônimo e mesmo assim aparecia isso. 
O grau de desonestidade é tanto que eles preferem ficar em cima da tecla de que depende do computador (e que se ater apenas a essas pesquisas do Google para falar que é machismo é desonesto) do que o foco principal que é o tanto de vídeos, relatos e notícias de enteadas que são abusadas. Aparecer ou não nas pesquisas do Google DELES, exime o fato de que esses abusos existem e são recorrentes? Exime o fato de existir homens que sentem desejo pela enteada e saem relatando isso em grupos? Exime o fato da cultura do estupro estar enraizada?
Esses homens abusam de suas enteadas e quem é julgada? A mãe, porque foi ela quem colocou ele pra dentro de casa... Por que a mãe vai ser culpada pelo crime que o homem cometeu?
Eu ainda fico indignada como tudo isto está tão na cara, tão injusto e tão naturalizado. Fico indignada em como o homem comete o crime, mas os questionamentos e dedos apontados sempre acabam recaindo sobre a mulher, sobre a vítima. Fico indignada em como nós, mulheres, não estamos seguras em nenhum lugar, algumas não estão seguras nem dentro da própria casa...
A nossa luta ainda é longa, bem longa e cansativa, tendo em vista que os garotos novos continuam a reproduzir as mesmas coisas que os homens já formados. A cultura do estupro está aí, enraizada, não vê quem não quer e sendo assim, teremos que nos manter firme e forte e lutando pelo nosso direito de ser respeitada como ser humano, como mulher. 

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