7 de nov. de 2014

Preconceito e Pré-conceito


É comum entre nós, seres humanos, fazermos um pré-conceito de tudo. Sejam pessoas, comida, objeto. Nosso cérebro faz uma “pré-definição” para nos comportar diante do novo. O ruim é quando a pessoa não faz questão de conhecer e acaba levando esse pré-conceito como “verdade”, e o pior, espalhar isso!

Eu falo isso por mim, pela minha experiência. Eu sei que tem quem não gosta de mim sem nem ao menos me conhecer. Não que é obrigatório as pessoas gostarem de mim, mas primeiro me conheça e depois faça as constatações. Assumo que já fiz isso de não conhecer direito e tomar o pré-conceito como verdade, mas não saí falando nada.

Ainda que, pré-conceito é só até a gente conhecer, já o preconceito... Todos nós temos algum preconceito, é comum do ser humano. Quem fala que não tem nenhum, é mentira. Seja contra pessoas tatuadas, pessoas que usam alargador, homossexuais, mães solteiras, nordestinos, cor da pele, analfabetos, deficientes, programas do governo, e qualquer religião, e não podemos esquecer do machismo também.

Eu já tive uns preconceitos “bobos”, mas isso quando era mais nova e não entendia direito das coisas, então “absorvi” os da minha mãe. Hoje em dia, eu tento fazer minha mãe deixar esses preconceitos de lado, mas é muito difícil! Pudera, pessoas mais velhas tem mais dificuldade mesmo. Apesar de que tem jovens que são mais duros que parede de concreto! Justamente porque aquele preconceito, que muitas vezes vem da família, já está tão enraizado que pra tirar é só com muita luta!

Outro dia, na minha papelaria, veio uma mãe com a filha deficiente. Acho que era a primeira vez que elas foram. A menina olhou pra mim e então eu olhei pra ela, dei um sorriso sincero e falei “Oi!”, ela sorriu de volta e respondeu. Olhei para a mãe que sorriu para a filha e depois para mim. Por algum motivo, fiquei feliz com o sorriso da mãe. Acho que ela ficou contente por uma desconhecida ter sorrido e falado com a amada filha.
Às vezes, eu não evito interagir porque algumas mães não gostam. Eu não acho ruim e muito menos as julgo. Eu imagino quanto preconceito essas mães tem que enfrentar no dia-a-dia, olhares curiosos, olhares tortos e até, talvez, de asco. Sim, algumas pessoas olham deficientes com asco como se ser deficiente fosse uma coisa nojenta, sendo que aquela atitude que é nojenta.

Em muitos aspectos, as crianças tem muito a ensinar aos adultos, exemplo: na creche em que sou voluntária, tem duas crianças deficientes e as outras crianças adoram elas! Tentam brincar, interagir, dão carinho, as protegem. Umas mais que as outras, mas no geral, todas protegem.
Eu acho muito importante a interação com tudo desde criança. Eu sei que muitos orientais tem preconceito com negros, já eu, NUNCA tive esse problema. Por que? Porque sempre tive contato.

Tem muitas pessoas que associam moradores de comunidade = ladrões. Mas ó, garanto que não! Como posso garantir assim? Porque eu já fui e mais de uma vez! Fui quando era criança, era na irmã da empregada doméstica da minha mãe, e olha, fui muito bem tratada e por todos! Todos que frequentaram a festa (era festa de aniversário), pelo menos. Ao contrário da parte “branca” da família dela. Em uma outra ocasião, foi festa na parte “branca e rica” da família dela. Lá eu fui esculachada, fui motivo de chacota, tiraram barato mesmo da minha cara, uma criança. Eu estava quase chorando, graças a Deus, ela percebeu e me levou embora e nunca mais fui lá. Por isso que eu digo, morador de comunidade não é sinônimo de bandido, de gente ruim. Não conheço todos os moradores de comunidade, claro, mas por quê afirmar que eles são ladrões? E o caso que saiu aí dos meninos que prenderam o rapaz no poste? E os que acertaram homossexuais na Avenida Paulista? São todos da elite. E como eu li uma vez: quando ricos são chamados de jovens, pobres são chamados de suspeitos. “Engraçado”, né?

Preconceito com religião... Isso é uma coisa complicada. Muitos tem preconceito sem conhecer, e o pior: falam mal! Eu tinha preconceito com Espiritismo sim, mas fiquei sabendo e agora estou de boa e até curiosa. Eu tinha porque, quando criança, eu via e escutava umas coisas não muito agradáveis, logo, associei o Espiritismo = ver coisa feia. Quando estava no Japão, via quase todos os dias, mas esses eram tranquilos, não via nada de feio rs. Só ficava receosa quando apenas ouvia e não sei bem explicar por quê. Se eu gosto de ver isso? Bom, quando criança não gostava e nunca falei pra ninguém que eu via, mas agora de adulta não acho nada de mais =)

Acho feio e errado colocar a culpa das coisas ruins e falando mal  das outras religiões, sendo que todos acreditam em Deus e Deus é um só. Eu acredito que Ele existe em diversas formas e cada um acredita naquela forma que acha melhor. Por que só católico ou evangélico são melhores? Por que não sofrem tanto preconceito? Por que é o “certo”? Quem falou? Por que diminuir as outras religiões? Por que demonizar O Espiritismo, o Candomblé, a Umbanda? Por que acha que mexer com espírito é mexer com o diabo? Que, aliás, não tenho tanta certeza assim que ele realmente exista, mas enfim. Quando essas pessoas morrem, ela acha que vira o que? Purpurina? Claro que não! Estou protegendo? Não, eu só discordo falar mal do que não conhece. Se vier falar que é porque fazem macumba... Olha... Pessoa, te orienta! Já vi orações e cultos na TV carregados de ódio! Dizem que o demônio vai fazer tal coisa se você não fizer tal para Cristo e blá blá blá. Parecem que gostam tanto de falar do diabo que a palavra demônio aparece mais que a palavra Deus ou Jesus. Se o diabo é tão ruim por que conversar com ele ao invés de logo expulsar? Antes que me perguntem, eu já fui evangélica, hoje já não me considero mais de nenhuma religião. Eu apenas acredito em Deus e mantenho minha fé Nele, só isso. Por que não sou mais evangélica? Porque cansei da hipocrisia do meio evangélico. Ok que eu não deveria me importar com os outros, mas é difícil você frequentar um lugar em que vê e sente hipocrisia. Panelinha, tratamento diferente entre irmãos, fofoca...

Contar uma coisa: quando eu tinha uns 13 anos, a irmã da igreja falou que tinha um projeto para visitar um orfanato. Eu fiquei super empolgada na hora, mas logo murchei. Por que? Por causa do comentário da irmã que foi “Passar o dia com aquelas crianças remelentas, catarrentas e piolhentas, credo!” e logo depois ela deu um sorrisinho e falou que não era pra contar pra ninguém que ela falou isso. Eu fiquei muito decepcionada, sabe? De verdade... Seria um trabalho bonito, dar um pouco de atenção, amor e carinho para aquelas crianças. Deus é amor. Ele nos ensina a amar os outros como a ti mesmo, então por que essa discriminação? Eu, realmente, nunca contei isso pra ninguém de tão chocada e decepcionada que eu fiquei. Mas ao contrário de muita gente, não fiquei fazendo fofoquinha dessa irmã, não porque era adolescente, mas porque eu não faço isso.


O último preconceito que eu me livrei foi com o Bolsa Família, e você? =)

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