É comum entre nós, seres
humanos, fazermos um pré-conceito de
tudo. Sejam pessoas, comida, objeto. Nosso cérebro faz uma “pré-definição” para
nos comportar diante do novo. O ruim é quando a pessoa não faz questão de
conhecer e acaba levando esse pré-conceito
como “verdade”, e o pior, espalhar isso!
Eu falo isso por mim, pela
minha experiência. Eu sei que tem quem não gosta de mim sem nem ao menos me
conhecer. Não que é obrigatório as pessoas gostarem de mim, mas primeiro me
conheça e depois faça as constatações. Assumo que já fiz isso de não conhecer
direito e tomar o pré-conceito como
verdade, mas não saí falando nada.
Ainda que, pré-conceito é só até a gente conhecer,
já o preconceito... Todos nós temos algum preconceito, é comum do ser humano. Quem
fala que não tem nenhum, é mentira. Seja contra pessoas tatuadas, pessoas que
usam alargador, homossexuais, mães solteiras, nordestinos, cor da pele,
analfabetos, deficientes, programas do governo, e qualquer religião, e não
podemos esquecer do machismo também.
Eu já tive uns preconceitos
“bobos”, mas isso quando era mais nova e não entendia direito das coisas, então
“absorvi” os da minha mãe. Hoje em dia, eu tento fazer minha mãe deixar esses
preconceitos de lado, mas é muito
difícil! Pudera, pessoas mais velhas tem mais dificuldade mesmo. Apesar de que
tem jovens que são mais duros que parede de concreto! Justamente porque aquele
preconceito, que muitas vezes vem da família, já está tão enraizado que pra
tirar é só com muita luta!
Outro dia, na minha
papelaria, veio uma mãe com a filha deficiente. Acho que era a primeira vez que
elas foram. A menina olhou pra mim e então eu olhei pra ela, dei um sorriso
sincero e falei “Oi!”, ela sorriu de volta e respondeu. Olhei para a mãe que
sorriu para a filha e depois para mim. Por algum motivo, fiquei feliz com o
sorriso da mãe. Acho que ela ficou contente por uma desconhecida ter sorrido e
falado com a amada filha.
Às vezes, eu não evito
interagir porque algumas mães não gostam. Eu não acho ruim e muito menos as
julgo. Eu imagino quanto preconceito essas mães tem que enfrentar no dia-a-dia,
olhares curiosos, olhares tortos e até, talvez, de asco. Sim, algumas pessoas
olham deficientes com asco como se ser deficiente fosse uma coisa nojenta,
sendo que aquela atitude que é nojenta.
Em
muitos aspectos, as crianças tem muito a ensinar aos adultos, exemplo: na
creche em que sou voluntária, tem duas crianças deficientes e as outras
crianças adoram elas! Tentam brincar, interagir, dão carinho, as protegem. Umas
mais que as outras, mas no geral, todas protegem.
Eu
acho muito importante a interação com tudo desde criança. Eu sei que muitos
orientais tem preconceito com negros, já eu, NUNCA tive esse problema. Por que?
Porque sempre tive contato.
Tem
muitas pessoas que associam moradores de comunidade = ladrões. Mas ó, garanto
que não! Como posso garantir assim? Porque eu já fui e mais de uma vez! Fui
quando era criança, era na irmã da empregada doméstica da minha mãe, e olha,
fui muito bem tratada e por todos! Todos que frequentaram a festa (era festa de
aniversário), pelo menos. Ao contrário da parte “branca” da família dela. Em
uma outra ocasião, foi festa na parte “branca e rica” da família dela. Lá eu
fui esculachada, fui motivo de chacota, tiraram barato mesmo da minha cara, uma
criança. Eu estava quase chorando, graças a Deus, ela percebeu e me levou
embora e nunca mais fui lá. Por isso que eu digo, morador de comunidade não é
sinônimo de bandido, de gente ruim. Não conheço todos os moradores de
comunidade, claro, mas por quê afirmar que eles são ladrões? E o caso que saiu
aí dos meninos que prenderam o rapaz no poste? E os que acertaram homossexuais
na Avenida Paulista? São todos da elite. E como eu li uma vez: quando ricos são
chamados de jovens, pobres são chamados de suspeitos. “Engraçado”, né?
Preconceito
com religião... Isso é uma coisa complicada. Muitos tem preconceito sem
conhecer, e o pior: falam mal! Eu tinha preconceito com Espiritismo sim, mas
fiquei sabendo e agora estou de boa e até curiosa. Eu tinha porque, quando
criança, eu via e escutava umas coisas não muito agradáveis, logo, associei o
Espiritismo = ver coisa feia. Quando estava no Japão, via quase todos os dias,
mas esses eram tranquilos, não via nada de feio rs. Só ficava receosa quando
apenas ouvia e não sei bem explicar por quê. Se eu gosto de ver isso? Bom,
quando criança não gostava e nunca falei pra ninguém que eu via, mas agora de
adulta não acho nada de mais =)
Acho
feio e errado colocar a culpa das coisas ruins e falando mal das outras religiões, sendo que todos
acreditam em Deus e Deus é um só. Eu acredito que Ele existe em diversas formas
e cada um acredita naquela forma que acha melhor. Por que só católico ou
evangélico são melhores? Por que não sofrem tanto preconceito? Por que é o
“certo”? Quem falou? Por que diminuir as outras religiões? Por que demonizar O
Espiritismo, o Candomblé, a Umbanda? Por que acha que mexer com espírito é
mexer com o diabo? Que, aliás, não tenho tanta certeza assim que ele realmente
exista, mas enfim. Quando essas pessoas morrem, ela acha que vira o que?
Purpurina? Claro que não! Estou protegendo? Não, eu só discordo falar mal do
que não conhece. Se vier falar que é porque fazem macumba... Olha... Pessoa, te
orienta! Já vi orações e cultos na TV carregados de ódio! Dizem que o demônio
vai fazer tal coisa se você não fizer tal para Cristo e blá blá blá. Parecem
que gostam tanto de falar do diabo que a palavra demônio aparece mais que a
palavra Deus ou Jesus. Se o diabo é tão ruim por que conversar com ele ao invés
de logo expulsar? Antes que me perguntem, eu já fui evangélica, hoje já não me
considero mais de nenhuma religião. Eu apenas acredito em Deus e mantenho minha
fé Nele, só isso. Por que não sou mais evangélica? Porque cansei da hipocrisia
do meio evangélico. Ok que eu não deveria me importar com os outros, mas é
difícil você frequentar um lugar em que vê e sente hipocrisia. Panelinha,
tratamento diferente entre irmãos, fofoca...
Contar
uma coisa: quando eu tinha uns 13 anos, a irmã da igreja falou que tinha um
projeto para visitar um orfanato. Eu fiquei super empolgada na hora, mas logo
murchei. Por que? Por causa do comentário da irmã que foi “Passar o dia com
aquelas crianças remelentas, catarrentas e piolhentas, credo!” e logo depois
ela deu um sorrisinho e falou que não era pra contar pra ninguém que ela falou
isso. Eu fiquei muito decepcionada, sabe? De verdade... Seria um trabalho
bonito, dar um pouco de atenção, amor e carinho para aquelas crianças. Deus é
amor. Ele nos ensina a amar os outros como a ti mesmo, então por que essa
discriminação? Eu, realmente, nunca contei isso pra ninguém de tão chocada e
decepcionada que eu fiquei. Mas ao contrário de muita gente, não fiquei fazendo
fofoquinha dessa irmã, não porque era adolescente, mas porque eu não faço isso.
O
último preconceito que eu me livrei foi com o Bolsa Família, e você? =)